O presidente da SAF do Cruzeiro, Pedro Lourenço, concedeu uma reveladora entrevista ao ‘O Tempo Sports’ abordando diversos aspectos da gestão do clube mineiro. Ele expressou sua insatisfação com o desempenho recente da equipe e assumiu ter cobrado o CEO de futebol, Alexandre Mattos, por conta dos resultados. Lourenço não poupou críticas ao departamento de futebol, admitindo uma série de equívocos no cenário das contratações.
Segundo o dirigente, houve falhas significativas nesse aspecto: “A realidade é implacável conosco: cometemos muitos erros nas contratações. Houve equívocos consideráveis. Não entrarei em detalhes específicos, pois seria indelicado, mas reconhecemos nossas falhas. Conversei com o Alexandre Mattos e a ênfase agora está em minimizar esses erros, ou melhor ainda, evitá-los por completo”.
Além disso, Lourenço abordou a questão do excesso de jogadores em certas posições, porém sem se encaixarem no estilo de jogo exigido pelo técnico Leonardo Jardim: “Incorremos em contratações desnecessárias. Agora, estamos empenhados em reverter essa situação. Em diversas ocasiões, contamos com um excedente de jogadores para determinadas posições, porém sem o perfil adequado que o treinador necessita. Ele está ciente disso. Conversamos a respeito e ele reconhece. Não existe uma fórmula infalível no futebol, mas nosso departamento errou grandemente nesse sentido e a responsabilidade recai sobre o Alexandre. Logo, a pressão sempre se concentra nele”.
Em relação à adaptação no âmbito da gestão esportiva e à realidade do futebol como um empreendimento, Lourenço enfatizou a insustentabilidade financeira do cenário atual: “O futebol, enquanto negócio, é extremamente desafiador. Não posso prever se daqui a cinco anos se tornará lucrativo, mas atualmente é um empreendimento de alto risco. Não estou habituado aos vultuosos salários recebidos pelos jogadores”.
O proprietário da SAF do Cruzeiro comparou a dinâmica do futebol com a de suas empresas: “Em minhas empresas, se obtivermos um lucro de 3%, já é motivo para comemoração. No futebol, há empresários que almejam 10% de lucro mensal. Com um salário de R$ 2 milhões, acabam embolsando R$ 200 mil por mês. E quem arca com esses custos sou eu. Há comissões, flutuações cambiais... É um período de aprendizado intenso para controlar nossas despesas. O futebol é um ambiente extremamente desproporcional”.
Por fim, Lourenço ressaltou seu maior envolvimento nas atividades diárias do clube, porém reconheceu os obstáculos de lidar com os bastidores do futebol: “Atualmente estou mais engajado e mantenho diálogo diário com os colaboradores internos do clube, porém não é uma tarefa fácil. Para eles, parece que tudo é permitido”.